The Witcher e o Rei Artur... Qual é a relação?

Em um infame dia, no Mundo de The Witcher, ocorreu, no ano de 1268, na madrugada do dia 07 de junho daquele ano, um dos mais terríveis acontecimentos da História. ATENÇÃO: esta história é da autoria de Andrzej Sapkowski e vou contar uma parte dela aqui para depois inventar coisas da minha cabeça kkkk.

Foi naquele dia que aconteceu o terrível Massacre de Rívia. Tudo começou com uma discussão de rua entre Nadia Esposito e alguns anões no mercado da cidade. Então, de repente alguns dos anões começaram a ficar nervosos, o que fez com que os humanos iniciassem um massacre completo de todos os não-humanos presentes no local. Segundo o livro A Senhora do Lago, de Andrzej Sapkowski, 186 pessoas, entre humanos e não-humanos, morreram naquele dia. Dentre eles, estava o famoso matador de monstros Geralt de Rívia, que, naquele dia se tornou a caça dos humanos ali presentes. Provavelmente, um humano ou outro também morreu, mas a imensa maioria dos assassinados ali eram anões, elfos e gnomos. 

Durante esse mesmo acontecimento, a carismática Cirilla Fiona, a feiticeira Yennefer de Vengerberg e a maga Triss Merigold chegaram à cidade de Rívia e viram a violenta movimentação. Ao chegarem, procuraram por Geralt meio à bagunça e, então, Triss provocou através de seus poderes como maga, uma grande tempestade de granizo que pôs um fim ao massacre contra os não-humanos. Nesse momento, elas encontraram o bruxo Geralt ensanguentado no chão, morto pelos humanos. Assim, ao ver se pai de criação no chão, Ciri ficou muito nervosa e com um poderoso grito deixou Yennefer incosciente. Foi aí que o belo unicórnio Ihuarraquax apareceu e mostrou a Ciri o caminho até um barco no porto do Lago Eskalott. A jovem, então, levou Geralt e Yennefer até um pequeno barco. Ciri deixou os dois amigos numa pequena ilha misteriosa chamada Malus.

Cirilla, como sempre fugindo da Caçada Selvagem dos cruéis Elfos Obscuros Espectrais, se teleportou em direção a um mundo diferente. "Sier, que mundo era esse?" O nosso. "Como assim o nosso? Isso é possível?" Ah camarada, tudo, tudo nesse (s) mundo (s) é possível.

O mundo que Cirilla chegou era o planeta Terra, onde viveu o Rei Artur na Grã-Bretanha. Ao chegar ao Vale Encantado de Cwm Pwcca, Ciri deu de cara com o cavaleiro Galahad de Corbenic, que, inicialmente a confundiu com a Senhora do Lago. Assim, o cavaleiro Galahad a convidou para ir até a Corte do Rei Artur em Camelot. E então, os dois foram a cavalo até a corte do rei, passando pelas terras dos supostamente perigosos anões feiticeiros do clã Y Dynan Bach Têg que enchiam o cavaleiro Galahad de um medo inexplicável. Após cerca de meio ano no Reino de Artur, Ciri sentiu que a Caçada Selvagem a encontrara e estava se aproximando. Assim, a jovem Cirilla teve que fugir novamente, deixando, mais uma vez, muitos amigos.

Fig. 1: Cirilla encontra Geralt estendido no chão de Rívia. Do link: https://i.redd.it/49ntyhfx12jz.png


No planeta Terra de verdade, o que estamos, o Rei Artur é visto como uma figura lendária e mitológica que provavelmente não existiu ou é baseado em pessoas que existiram, mas que não carregavam o título de Rei Artur em vida.

ATENÇÃO!!! A partir daqui há spoilers sobre a História da Humanidade, se você não curte História camarada, então é melhor parar por aqui kkkkk.

Lucius Artorius Castus: o candidato mais antigo é Lucius Artorius Castus, que viveu, provavelmente, entre os anos 150 e 250, mais ou menos. Artorius Castus era de uma família originária dos plebeus na região da Península Itálica e foi um comandante militar romano que atuou na Bretanha e na Croácia. Na Croácia, Artorius enfrentou rebeldes armênios e na Bretanha enfrentou, provavelmente, diversos grupos que infringiam as leis romanas na região. Artorius foi chefe da Sexta Legião Vitoriosa em Eboracum, atual York, Inglaterra. Foi centurião da Quinta Legião Macedônica em Potaissa, atual Turda, Romênia. Além disso, foi centurião da Segunda Legião Auxiliar em Aquincum, atual Budapeste, Hungria; da Sexta Legião Encouraçada na Judeia e da Terceira Legião Gaulesa que, à época, estava na Síria. Artorius chegou a ser governador da Liburnia, onde fica a atual Croácia, chegando ao fim de sua vida. Artorius foi um verdadeiro viajante e soldado.

Riothamus foi um líder militar romano-bretão que atuou no fim do século V (circa 470). Esse grande líder lutou ao lado do Império Romano Ocidental, em seus últimos dias, contra os Godos, conforme escreveu o importante historiador bizantino Jordanes no século VI. Riothamus era chamado de "Rei dos Bretões" e ele lutou lado a lado com os romanos visando derrotar os visigodos liderados por Eurico (morto em 484). Segundo Geoffrey Ashe, um historiador popular britânico, Riothamus é um excelente candidato que pode ter sido o Rei Artur, pois há uma ligação entre a traição de Riothamus por Arvandus e a traição de Artur por Mordred, além de haver uma possível ligação entre a cidade francesa de Avallon, na Borgonha, e a cidade de Avalon das lendas do Rei Artur. 

Léon Fleuriot, um linguista francês, propôs que Riothamus e Ambrosius Aurelianus fossem a mesma pessoa. Ambrosius Aurelianus foi um líder romano-bretão responsável por vencer uma importante batalha contra os anglo-saxões, segundo São Gildas, um monge britânico. Possivelmente, Ambrosius Aurelianus liderou os romano-bretões contra os anglo-saxões na Batalha do Monte Badon. A lenda dos livros medievais como os Anais de Gales, considerava que esse líder se tratava do Rei Artur e que ele representava o cristianismo e a civilização, enquanto que os anglo-saxões representavam o paganismo e a barbárie, ou seja, como os romanos sempre se consideraram um povo não-bárbaro, consideravam tudo o que era estrangeiro como algo bárbaro ou primitivo.

Artuir mac Áedán é o outro possível candidato para representar essa intrigante figura. Artuir foi príncipe de Dál Riata, um antigo reino galês, que viveu no século VI, morrendo provavelmente entre os anos de 580 e 596. Artuir ficou conhecido por suas batalhas contra os pictos da Escócia. Também teve contato com São Columba, monge irlandês respondável por expandir o cristianismo na região da atual Escócia.

Fig. 2: uma das pedras de Aberlemno, esculpidas pelos pictos, chamada de pedra da serpente. Do link: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/a/a6/Serpent_stone.JPG/640px-Serpent_stone.JPG?1597758020086


O Universo The Witcher nos traz uma interessante reflexão sobre como os humanos eram preconceituosos com os demais povos. 

   
Fig. 3: Rei Artur na Batalha do Monte Badon. Do link: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/f/f3/Arthur_Leading_the_Charge_at_Mount_Badon.png

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